Há cerca de seis meses, uma nova pesquisa médica veio alterar alguns mitos em relação aos métodos mais eficazes para emagrecer. O estudo foi publicado no reputado New England Journal of Medicine e foi coordenado por Dariush Mozaffarian, professor de epidemiologia da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. “Bastam pequenas mudanças na dieta para controlar o peso ao longo dos anos”, explicou o cientista à revista Time. “A pesquisa mostrou que, mais do que a quantidade de calorias ingeridas, eram alguns tipos de comida que contribuíam para as pessoas engordarem ou manterem um peso saudável.”
O azeite é um bom exemplo: apesar de ser uma gordura que deve consumir com moderação, está associado aos regimes de emagrecimento mais eficazes – simplesmente porque reduz a sensação de fome. A explicação foi dada por outra investigação liderada por Heribert Watzke, do Instituto Científico da Nestlé, na Suíça. Segundo o cientista, os terminais nervosos que existem no intestino funcionam como um posto avançado do cérebro e controlam a saciedade. Quando detectam gorduras específicas, como a do azeite, dão o alerta:
“Durante a digestão, o azeite é decomposto em compostos mais simples, chamados monoglicerídeos, que vão tornar mais lenta a passagem da comida pelo intestino, fazendo com que as pessoas não sintam tanta necessidade de comer.”
“Uma colher de sopa de azeite por dia é a quantidade indicada para manter um peso saudável”, explica à SÁBADO a dietista Patrícia Almeida Nunes, do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. O esófago, estômago e intestino têm cerca de 100 milhões de células nervosas. Alguns tipos de comida estimulam estes neurónios e transmitem a sensação de saciedade, outros contribuem para acentuar a fome.
“Comer nozes e amêndoas ajuda a perder peso, porque são saciantes”, sublinha a nutricionista Alexandra Bento, dos Hospitais da Universidade de Coimbra. A fisiologista Teresa Branco, directora da Clínica Metabólica, especializada em emagrecimento, acrescenta: “Os frutos secos são um excelente snack, ideal para comer entre as refeições em pequenas quantidades ou para colocar nas saladas.”
As investigações científicas mais recentes mostraram ainda que os cereais integrais têm outro tipo de gordura (os galactolípidos) que desacelera o processo digestivo e assim contribui também para emagrecer. Peter Wilde, do Institute of Food Research, de Norwich, no Reino Unido, é um dos investigadores que lideram os estudos nesta área.
“O objectivo é desenvolver novos aditivos alimentares baseados nesta substância, especialmente para incluir em comidas ricas em gordura, como maioneses e gelados cremosos.” Um efeito semelhante têm as gorduras do peixe, como a sardinha, rica nos chamados óleos ómega 3, que também aumentam a saciedade e ajudam à dieta.